sexta-feira, 2 de maio de 2014

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O papel já não aceita qualquer coisa, as linhas estão retas e isso não é bom.

Gosto de escrever sobre linhas tortas, de cores escuras. Estão invisíveis agora.

Ligo o som, Sinatra me diz o que escrever, mas não crio nada bom. Desce rasgando pela garganta o uísque, a fumaça do cigarro se espalha pelo quarto. As ideias não surgem.

Amargo o gosto do vazio, do nada, do desejo desesperado de gritar em palavras. Nada!

O suor pinga no papel... Nada escrito. A ponta da caneta sangra frases tristes, ficam borradas. 

Rabiscos e mais rabiscos. O silêncio da caneta agride com força o papel borrado de suor, com cheiro de uísque e cigarro. Nada.

É como se estivesse preso dentro de mim mesmo... A mão treme, a caneta toca o papel, uma fuga desesperadora de minha alma escorre em palavras sem sentido.

Mais uma dose. Amasso o papel de linhas invisíveis e o jogo para longe.

Outra folha, outras linhas...


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