domingo, 10 de novembro de 2013

Chuva



Estou no ponto de ônibus. Negro, cabelos grisalhos, sessenta e poucos anos. Boa aparência se aproxima.

O céu está cinza. Pingos d’água, vento. Começa a chuva. São Paulo, Terra da Garoa. O Homem negro abre o guarda chuvas. Meus óculos já estão com as lentes molhadas. Abro também o meu. Mudo de ideia, fecho o guarda chuvas e acendo um cigarro. A chuva cai sobre meu corpo. Molha minha alma.

O homem negro puxa assunto debaixo de seu guarda chuvas. Fala de seus problemas com o INSS. Apenas faço um gesto com a cabeça. Não quero conversa hoje, apenas quero a chuva que se mistura com a fumaça do meu cigarro.

A chuva continua, o homem negro fala e eu fumo. E mais chuva. E mais vento.

O ônibus surge na esquina. Última tragada. Fumaça no ar. O homem fala. Eu escuto. Dou sinal. Jogo o cigarro. O homem negro me deseja sorte. Entro no ônibus. A chuva continua.





Nenhum comentário:

Postar um comentário