Índia, sentada com os pés descalços, com uma criança em seu
colo. Do lado de seu corpo de curvas tristes e com expressão de dor na alma,
uma caneca com algumas moedas. Passei por ela e não resisti, perguntei de onde
era. Ela me respondeu que era de uma terra onde ninguém mandava em ninguém, o
respeito era mútuo. Não havia fome, não havia pobreza. Ela olhou para cima, em
direção para grande Catedral da Sé, e disse-me: “Hoje sou do Brasil, das ruas,
não tenho terra, nem mais possua minha tradição, o que me restou foi a
lembrança das histórias que meus ancestrais contavam. Hoje sou das ruas,
abandona por um sistema que finge que não existo e ignorada por pessoas que se
fazem de cegas ao me olharem, mas entram para rezar nessa igreja.” Coloquei
duas moedas na caneca, desejei-lhe sorte e segui meu caminho.
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