O papel já
não aceita qualquer coisa, as linhas estão retas e isso não é bom.
Gosto de escrever sobre linhas tortas, de cores escuras.
Estão invisíveis agora.
Ligo o som, Sinatra me diz o que escrever, mas não crio nada
bom. Desce rasgando pela garganta o uísque, a fumaça do cigarro se espalha pelo
quarto. As ideias não surgem.
Amargo o gosto do vazio, do nada, do desejo desesperado de
gritar em palavras. Nada!
O suor pinga no papel... Nada escrito. A ponta da caneta
sangra frases tristes, ficam borradas.
Rabiscos e mais rabiscos. O silêncio da caneta agride com
força o papel borrado de suor, com cheiro de uísque e cigarro. Nada.
É como se estivesse preso dentro de mim mesmo... A mão
treme, a caneta toca o papel, uma fuga desesperadora de minha alma escorre em
palavras sem sentido.
Mais uma dose. Amasso o papel de linhas invisíveis e o jogo
para longe.
Outra folha, outras linhas...
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