Desde
a segunda guerra mundial, nunca o discurso final de O Grande Ditador, escrito
por Charlie Chaplin, nunca esteve tão vivo. O Mundo está um caos... Militares,
vocês foram criados para proteger em primeiro lugar, foram criados para
proteger o povo, mas vocês estão fazendo errado, vocês estão protegendo o
sistema corrupto e fraudulento, estão agredindo o povo. Militares da Síria
estão matando suas crianças, no Japão e na China estão defendendo interesses políticos
individuais, por causa de ilhas. Em Madrid estão agredindo um povo que mais da
metade não tem emprego, na Grécia massacrando ainda mais uma sociedade que vem
sofrendo de forma avassaladora com a crise. No Brasil, chacinas, corrupção...
Na África matando mineiros. Militares de todo o mundo, defendam seus povos, não
seus opressores. Segue o discurso final de O Grande Ditador:
O último
discurso
de “O Grande Ditador”
Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não
é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja.
Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres
humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o
seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste
mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as
nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da
beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou
no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a
miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos
enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em
penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência,
empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de
máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de
afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será
perdido.
A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A
própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um
apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a
minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de
desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que
tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo:
“Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o
produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do
progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o
poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem
homens, a liberdade nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que
vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que
ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem
marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos
tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois
máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não
odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os
inumanos!
Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela
liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de
Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, ms dos
homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar
máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar
esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em
nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um
mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê
futuro à mocidade e segurança à velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm
subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o
cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para
libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e
à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o
progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!
Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares,
levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam!
Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo
melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade.
Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa
para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os
olhos!
Talvez um dia eu deixe de protestar e passe a falar de amor. Será mais saudável para minha alma e para meu coração.
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